31/10/2015

Uma nova forma de trabalhar em equipa - experiência na primeira pessoa


Nunca tinha tido uma experiência como a que vivi nestes últimos dias.

Uma equipa dinâmica, de várias idades e nacionalidades, a trabalhar em conjunto para um único objetivo.

Esta equipa conseguia organizar-se com muita facilidade, trocar de responsabilidades como quem troca de roupa, mas assumindo o que lhe cabia no momento.

Nunca tinha tido uma experiência de trabalhar com uma equipa tão amigável, com tanta vontade de participar, com tanto espírito de entreajuda.

E é assim que uma equipa deve ser - versátil, de confiança e disponível. De outra forma, o evento não teria sido o sucesso que foi.

LibreCon


Vou apenas dar-te uma pequena introdução ao que foi este evento - mais tarde, vou escrever sobre alguns dos conteúdos que tive oportunidade de ver.

Sabes quando te dizem uma coisa e tu tens aquele momento em que pensas "claro, faz todo o sentido, mas nunca tinha pensado nisso"? Bem, o LibreCon tinha como objetivo dar vários momentos destes ao público, falando de tecnologias, educação e empreendedorismo, mas não da forma que estamos habituados.



As palestras centravam-se em maneiras diferentes de fazer as coisas - software livre (Mozilla, Chrome, VLC, Ubuntu, etc), novas formas de educar (hacklab, personalização do ensino, etc) e testemunhos de quem está a mudar estas indústrias. 

Com palestras simultâneas, e como estava destacada maioritariamente para a sala Lovelace, não tive oportunidade de ver cada peça do evento. Se, como eu, quiseres ver os conteúdos do evento, podes aceder ao site Librecon.io e, na secção Streaming, ver todas as palestras em vídeo.

Equipa


Fui a Santiago de Compostela porque a minha prima e a sócia têm uma das empresas responsáveis pela organização do evento - Nova Xestión Cultural. Há uns meses convidou-me a ir ajudar nos dias da conferência e não pensei duas vezes.


A minha experiência de participação em eventos era muito pouca e a minha experiência com trabalhos de grupo e de equipas era relativamente má. Fui um pouco a medo, mas com tanta vontade de participar que o nervosismo ficou para segundo plano.

Havia muitas pessoas diferentes que funcionavam com uma sinergia incrível:


  • Uns estudavam direito, outros informática, outros nada. 
  • Uns cuidavam das salas, outros dos assistentes, outros dos speakers. 
  • Uns queriam ver os carros elétricos, outros a estrela do evento, Jim Groom, e a revolução no ensino.

E todos estavam ali para dar o melhor. Havia sempre que garantir que os oradores sabiam quanto tempo faltavam para terminarem as palestras, que era entregue uma garrafa de vinho a cada um, que os assistentes tinham o microfone para fazer perguntas. Isto em cada sala. Fora, era preciso registar os assistentes, dar-lhes os brindes, o programa, orientá-los para as salas que quisessem, arrumar o material, etc.

LibreCon 2015 trabalho de equipaHierarquia


Realizar um evento com 400 assistentes é muito complexo. E, apesar disso, não havia bem uma hierarquia definida. 

Algumas pessoas estavam mais dentro da organização que outras, mas podia falar com qualquer uma a pedir informações ou orientação. Todos comunicavam com todos, não havia superiores ali (se os houvesse, eu estava na base da pirâmide porque tinha chegado a Santiago dois dias antes da conferência). 

Parece estranho: como é que pode funcionar se não há uma hierarquia de comando? 

Fez-me um pouco de confusão, mas a realidade é que funcionou melhor do que qualquer outra experiência de equipa que eu tinha tido - foi um dos momentos "ah-ah" que tive nestes dias. 

É uma forma diferente de organização, que os jovens tendem a adotar cada vez mais. Pode haver algumas pessoas com mais responsabilidade ou conhecimento, mas ninguém fala "de cima" com ninguém. 

E funciona.

O meu professor de Marketing Digital tinha-nos falado de que era assim que a Buffer funcionava. Não conseguia imaginar bem como conseguiam manter uma empresa daquelas a funcionar sem uma hierarquia. Fico muito feliz de ter experimentado o modelo e agora compreendo como resulta.

Mais do que números


Para quem não trabalha muito em equipa, o mais importante é encontrar uma forma de atingir o objetivo. Encontrar alguém de distribua as tarefas e vigie se são terminadas ou não, em quanto tempo e por quem. Esse alguém fala com pessoas exteriores à equipa e fica com as maiores responsabilidades.

O que me parece que faz esta forma de trabalho funcionar, é que o centro não está em cada passo para atingir o objetivo.

LibreCon 2015Senti que a equipa se preocupava com cada membro. Estavam ali de forma voluntária porque conheciam-se e gostavam de todos os elementos da equipa e cooperar para que todos estivessem bem era importante. 

A partir do momento em que há um bom ambiente, a distribuição de tarefas passa a ser fluída e proativa. Não há um elemento que responsabilize os outros. Há coisas para fazer e um dos membros da equipa prontifica-se a fazê-la imediatamente. Era comum alguém dizer "faz falta vinho na sala X" e ouvir alguém dizer "Eu vou", ou se alguém sabia que um colega queria assistir a uma conferência em particular, tomava a iniciativa de lhe propôr trocar de lugar, para poder ver o que lhe interessava.

Quero com isto dizer que mais do que números - ou, neste caso, as tarefas em si - o importante era cada elemento e a sinergia dentro da equipa. Era estarem todos bem, a rir, e isso transformava-se em vontade de participar e tornar real um dos mais importantes eventos em Espanha este ano.

Terminando 


Não há nada como experimentar. Para mim, este ano vai ser todo de experiências. Esta conferência foi extremamente cansativa por ter sido em três idiomas diferentes - e nenhum era o português - mas tão enriquecedora que não consigo descrever.

Deixo aqui apenas uma pequena parte do que foi participar no LibreCon e conhecer uma nova forma de trabalhar em equipa. Os conteúdos, esses, vou vê-los ao longo das próximas semanas, e partilhar contigo alguma da magia dos temas que se falaram estes dois dias. 

Se assistires a alguma das palestras e quiseres trocar ideias, podes entrar em contacto direto comigo (blogueideia@gmail.com) ou deixar as tuas impressões nos comentários!






Sobre a autora

Joana Pedroso trabalha nas áreas de marketing, design e comunicação.

Tem como hobbies escrever e estudar, adora viajar e comer sushi.

Ambiciona construir a sua própria empresa e ter um espaço para ajudar os jovens a seguirem caminhos alternativos à educação tradicional.