Com o mundo a falar cada vez mais sobre o impacto de nós, humanos, na natureza e os efeitos nas nossas ações parecerem cada vez mais negativos, pessoas e empresas começam a rever as escolhas que fazem no dia a dia para dar uma resposta mais assertiva a este problema.
Quer seja por consciência da situação que temos vindo a criar ou por um pensamento puramente económico, a realidade do consumo está a mudar e as empresas vêm-se cada vez mais obrigadas a adotar medidas de responsabilidade ambiental. Que mudanças temos vindo a assistir para combater as alterações climáticas e proteger o planeta?
A mentalidade dos consumidores
A sociedade tem vindo a reagir de várias formas com movimentos que começaram tímidos, mas que já têm um peso considerável.
O veganismo é um exemplo que é adotado como forma de protesto contra os maus tratos dos animais que são criados para nos alimentar, mas cada vez mais gente adota esta dieta como forma de manifesto contra o prejuízo ambiental da desflorestação e exaustão da água.
Outros movimentos se seguiram, como o minimalismo que, não sendo exclusivamente dedicado à proteção do ambiente, tem um impacto indireto muito grande. Ao incentivar à diminuição das coisas que compramos, limitando-nos apenas àquilo que realmente precisamos, a quantidade de lixo e desperdício é muito menor e os impactos que essas escolhas têm a longo prazo vão ser evidentes. Visto que cada pessoa cria, em média, 483 kilos de lixo por ano, multiplicar isto por milhares e até milhões de pessoas no nosso país torna claro que podemos, enquanto consumidores, alterar muito o panorama ambiental em que vivemos.
Pequenas ações com grande impacto:
Milimalismo - diminuir o consumo ao fundamental do que precisamos e do que nos faz feliz |
Pequenas ações com grande impacto:
- Utilizar menos objetos de plástico descartável
- Escolha de produtos sustentáveis (origem, materiais, fim de vida)
- Participação cívica (apoiar movimentos, causas e ações, propor / votar medidas políticas, etc)
- Mais transportes públicos, menos veículos a combustíveis fósseis
- Partilhar notícias de entidades e movimentos que contribuem para a solução e denunciar as que são parte do problema (sensibilizar os outros para o impacto do consumo)
Os impactos destas escolhas não se ficam por, diretamente, criar menos lixo ou ter estilos de vida mais saudáveis. O que começou com focos de ambientalistas preocupados transformou-se numa onda gigante de mudança de mentalidades a um nível mais generalizado de assumir a responsabilidade ambiental que nos calha enquanto sociedade. Quer sejamos ou não “radicais” na forma como encaramos estas preocupações, uma coisa é certa: não só assistimos a uma alteração de atitudes significativa como estamos a caminhar no bom sentido para (yep) um mundo melhor.
Entidades e instituições
Quer pela preocupação pessoal dos políticos e responsáveis pela criação de leis e diretivas, quer pela caça ao voto, as próprias regulamentações estão cada vez mais alinhadas com o sentimento de que algo tem de ser feito para “salvar o planeta”.
Se, por um lado, o tema não é novo e já temos o acordo de Paris, por exemplo, a tentar criar alguma pressão no controlo da poluição, hoje os lóbis das indústrias mais poluidoras estão a perder tração perante a força popular. Os próprios efeitos destas mudanças forçam a que sejam tomadas medidas, tal é o impacto negativo que já não pode ser negado (como o caso na China, em que tiveram de utilizar máscaras na rua pelo nível extremo de poluição no ar, o que tem levado a uma série de medidas de combate à poluição e combustíveis fósseis).
Além das regulamentações e restrições, encontramos medidas mais proativas. Facilitação da utilização de transportes coletivos e bicicletas, e mais incentivos para trocar os veículos a combustíveis fósseis para elétricos são só algumas das iniciativas mais visíveis. Estas e outras medidas acabam por influenciar tanto pessoas como empresas, e a implementação com sucesso destas iniciativas não só dependem de nós como podem ter repercussões mais além do que se espera, servindo de exemplo para outros se juntarem.
O que é certo, é que estamos a caminhar para uma sociedade mais responsável e os políticos e outros responsáveis de topo reconhecem e respondem a isso, contribuindo para este ciclo positivo.
Apelo ao voto! Usa cada eleição para dar peso àquilo que defendes. Se há candidatos que defendem o mesmo que tu, ajuda-o a conseguir mais apoio para te representar. Cada um de nós importa. Todos os votos contam para melhorar a sociedade. Participa!
Empresas
Como vimos até aqui, o impacto que os consumidores têm é tanto direto como indireto, e que não são as empresas as únicas responsáveis pelo combate às alterações climáticas – nem as únicas que têm tomado iniciativas nesse sentido.
À semelhança do que acontece no panorâmico político, em que as mudanças são levadas primeiro pelos que acreditam na missão e depois pelos que acreditam nos votos, também nas empresas estas alterações de rumo se verificam pelos mesmos motivos de “consciência coletiva” e interesse económico.
A indústria da agricultura e pecuária e a indústria da moda são as que mais impacto têm no problema ambiental, e as que mais têm sofrido ataques por parte dos consumidores. Por todo o lado surgem notícias e movimentos contra o abuso dos recursos e a poluição gerada nestes mercados, e por todo o lado surgem novas empresas para responder às exigências dos consumidores. E têm tido um sucesso crescente.
» » The Ecology of Commerce - 4.10 estrelas no GoodReads, este livro é uma visão de como as empresas podem ajudar a recuperar o planeta
Leva mais tempo a esta mentalidade ver alguns resultados reais na mudança de ação das empresas, em especial das maiores, mais estabelecidas, tanto pelos processos internos como pelo poder de marketing que continua a fidelizar e impor o seu poder nos seus clientes.
Mas muitos gigantes perceberam o valor que está no futuro deste caminho e têm tomado iniciativas no âmbito da responsabilidade ambiental. Desde a H&M que tomou a iniciativa de recolher roupas e outros produtos de moda que os clientes já não quisessem, além de lançar todos os anos uma coleção de peças “amigas do ambiente”, à Starbucks que alterou os seus copos para serem recicláveis e, assim, diminuir a quantidade de lixo que acaba a ser prejudicial para a terra.
» » The Ecology of Commerce - 4.10 estrelas no GoodReads, este livro é uma visão de como as empresas podem ajudar a recuperar o planeta
Leva mais tempo a esta mentalidade ver alguns resultados reais na mudança de ação das empresas, em especial das maiores, mais estabelecidas, tanto pelos processos internos como pelo poder de marketing que continua a fidelizar e impor o seu poder nos seus clientes.
Ok, eu sei que estas empresas podem ainda estar a fazer mais mal do que bem. Eu sei, e nós sabemos, e isso leva-nos à questão central: as coisas estão a mudar, as empresas estão a responder, mas a mudança tem de vir “do coração” (poético, eu sei). O que quero dizer é que as empresas têm de mudar a sua missão e acolher a responsabilidade ambiental que lhes cabe, ou os consumidores vão continuar a fugir. Alguns fiéis podem dizer: “Ah, a H&M agora tem uma linha sustentável, que bom!”; mas outros pensam: “Só uma linha de roupa amiga do ambiente? Quer dizer que tudo o resto vai contra aquilo que eu defendo!”. É isto. Ou vem do centro e abrange toda a atividade, ou os clientes vão procurar a outro lado.
Onde estamos?
As alterações climáticas são um problema que nos afeta a todos e que todos devemos tomar medidas para combater. Não digo que temos de ser todos “tree huggers”, mas pequenas mudanças graduais vão ter efeitos diretos e indiretos que valem a pena.
Enquanto empreendedores, podemos ter em conta as escolhas de matérias primas que utilizamos, de onde vêm e a que custo.
Além disto, pensar no fim de vida do que criamos. Pode ser reciclado? Reutilizado? Como pode ser recuperado sem prejudicar o ambiente?
Talvez tenha ainda valor para ser reintroduzido na cadeia de produção, poupando dinheiro à nossa empresa.
» » Cradle to Cradle - livro que propõe uma nova abordagem ao design e ao percurso de vida útil dos produtos, com o objetivo de combater o desperdício e acrescentar valor aos produtos, reintroduzindo-os no ciclo económico
Além disto, pensar no fim de vida do que criamos. Pode ser reciclado? Reutilizado? Como pode ser recuperado sem prejudicar o ambiente?
Talvez tenha ainda valor para ser reintroduzido na cadeia de produção, poupando dinheiro à nossa empresa.
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Para mostrar que os consumidores
estão mais conscientes das compras que fazem e do impacto no ambiente e na
sociedade, falámos com a Sapato Verde, uma loja de sapatos veganos, para saber
qual a perspetiva que têm sobre o seu posicionamento enquanto empresa
sustentável.
Na próxima semana mostro-vos como correu!
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